Arranjada e publicada pela revista Rolling Stone, em 1997, a entrevista entre Morrissey e Joni Mitchell tem esse subtítulo que vai e volta: Melancolia encontra Tristeza Sem Fim. Tristeza Sem Fim encontra Melancolia. Não sei bem quem é qual. Mas quis trazer essa pérola para a língua portuguesa. Fui juntando e traduzindo todos os pedaços que encontrei: fontes aqui , aqui e aqui . E ainda dá para ouvir boa parte do áudio da conversa no Youtube: parte 1 e parte 2 . "Chegando na casa de Los Angeles onde essa conversa histórica aconteceu, tento dar palpites a Morrissey – nosso poeta pós-punk da miséria – sobre perguntas em potencial para fazer a Joni Mitchell, uma das poucas artistas populares que merecem o que há de arte nesse título. Sugiro uma discussão sobre a reputação que ambos compartilham por explorarem temas sombrios – em outras palavras: quem é mais triste? "Por que uma discussão?", Morrissey pergunta. "Por que não uma briga?" Não houve brigas
Está escuro porque você está pegando pesado. Levinho, criança, levinho. Aprenda a fazer tudo levinho. Sim, sinta de levinho, mesmo que sinta muito. D eixe as coisas acontecerem de levinho e de levinho se entenda com elas. Antes eu era um absurdo de tão sério, um pedante sem humor. Levinho, levinho -- é o melhor conselho que já me deram. Mesmo na hora da morte. Nada complexo, pomposo ou enfático. Nada de retórica, nada de tremores, nada do inseguro Eu fazendo sua grande imitação de Cristo ou Little Neil. E, claro, nada de teologia, nada de metafísica. Apenas a morte e a inteira luz. Então jogue fora sua bagagem e vá em frente. Há areias movediças por toda parte, te engolindo pelos pés, tentando te afogar em medo e autopiedade e desespero. É por isso que você tem que andar assim de levinho. Levinho, meu amor, na ponta dos pés e sem malas, sem uma sacolinha sequer, sem embaraço nenhum.